segunda-feira, 30 de março de 2020

O CAÇADOR DE BORBOLETAS

Hoje vamos ler, com muita atenção, mais um conto de José Eduardo Agualusa, do livro ESTRANHÕES & BIZARROCOS.
Depois de leres, vais escrever nos comentários a tua opinião sobre a história.

O CAÇADOR DE BORBOLETAS

Vladimir recebeu muitas prendas no Natal, entre livros, discos, legos, jogos de computador, mas gostou sobretudo do equipamento para caçar borboletas. O equipamento incluía uma rede, um frasco de vidro, algodão, éter, uma caixa de madeira  com o fundo de cortiça, e alfinetes coloridos. O pai explicou-lhe que a caixa servia para guardar as borboletas. Matam-se as borboletas com o éter, espetam-se na cortiça, de asas estacadas, e dessa forma, mesmo mortas, elas duram muito tempo. É assim que fazem os coleccionadores.
Aquilo deixou-o entusiasmado. Ele gostava de insectos mas não sabia que era possível coleccioná-los, como quem colecciona selos, conchas ou postais, talvez até trocar exemplares repetidos com os amigos.
Nessa mesma tarde saiu para caçar borboletas.
Foi para o matagal junto ao rio, atrás de casa, um lugar onde se juntavam insectos de todo o tipo. Já tinha apanhado cinco borboletas que guardara dentro do frasco de vidro, quando ouviu alguém cantar com uma voz de algodão doce – uma voz tão doce e tão macia que ele julgou que sonhava. Espreitou e viu uma linda borboleta, linda como um arco-íris, mas ainda mais colorida e luminosa.
Sentiu o que deve sentir em momentos assim todo o caçador: sentiu que o ar lhe faltava, sentiu que as mãos lhe tremiam, sentiu uma espécie de alegria muito grande. Lançou a rede e viu a borboleta soltar-se num voo curto e depois debater-se, já presa, nas malhas de nylon. Passou-a para o frasco e ficou um longo momento a olhar para ela.
— Agora és minha — disse-lhe. — Toda a tua beleza me pertence.
A borboleta agitou as asas muito levemente e ele ouviu a mesma voz que há instantes o encantara:
— Isso não é possível — era a borboleta que falava. — Sabes como surgiram as borboletas? Foi há muito, muito tempo, na Índia. Vivia ali um homem sábio e bom, chamado Buda…
Vladimir esfregou os olhos:
— Meu Deus! Estou a sonhar?
A borboleta riu-se:
— Isso não tem importância. Ouve a minha história. Buda, o tal homem sábio e bom, achou que faltava alegria ao ar. Então colheu uma mão cheia de flores e lançou-as ao vento e disse: “Voem!”. E foi assim que surgiram as primeiras borboletas. A beleza das borboletas é para ser vista no ar, entendes? É uma beleza para ser voada.
— Não! — disse Vladimir abanando a cabeça. — Eu sou um caçador de borboletas. As borboletas nascem, voam e morrem e se não forem coleccionadores como eu, desaparecem para sempre.
A borboleta riu-se de novo (um riso calmo, como um regato correndo, não era um riso de troça):
— Estás enganado. Há certas coisas que não se podem guardar. Por exemplo, não podes guardar a luz do luar, ou a brisa perfumada de um pomar de macieiras. Não podes guardar as estrelas dentro de uma caixa. No entanto podes coleccionar estrelas. Escolhe uma quando a noite chegar. Será tua. Mas deixa-a guardada na noite. É ali o lugar dela.
Vladimir começava a achar que ela tinha razão.
— Se eu te libertar agora — perguntou — tu serás minha?
A borboleta fechou e abriu as asas iluminando o frasco com uma luz de todas as cores.
— Já sou tua — disse — e tu já és meu. Sabes? Eu colecciono caçadores de borboletas.
Vladimir regressou a casa alegre como um pássaro. O pai quis saber se ele tinha feito uma boa caçada. O menino mostrou-lhe com orgulho o frasco vazio:
— Muito boa — disse. — Estás a ver? Deixei fugir a borboleta mais bela do mundo.

38 comentários:

  1. Olá! Gostei muito, muito deste texto. Aprendi que não precisamos de prender ninguém para que seja nosso. Adoro imaginar que as borboletas são flores voadoras.
    Ass. Carlota Rolino

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  2. Eu achei a história muito fixe mas não concordei com a história porque o caçador era malvado pois ele apanhava borboletas. Depois o Vladimir percebeu que não era bom apanhar borboletas. E depois o Vladimir nunca mais quis caçar borboletas.

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    1. Acho que não concordaste com o início, mas concordaste com o fim.

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  3. Olá sou o Alex
    Gostei muito porque a borboleta também coleccionava o casador de borboletas.

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    1. Ai Alex...
      Mais uma vez escreveste com muita pressa.
      Escreveste poucas palavras e nem leste o teu comentário.
      Caçador escreve-sa com ÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇ
      Gostava que lesses outra vez a história.

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  4. Eu gostei muito da história porque a borboleta era muito linda e o Vladimir não a matou porque ela afinal era coleccionadora de coleccionadores de borboleta. A beleza das borboletas é mais linda no ar e não dentro de um frasco.

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  5. Gostei muito da história, porque fala de um menino que recebeu de presente no Natal um equipamento para caçar borboletas, e quando ele conseguiu caçar uma borboleta, ela convenceu-o a solta-la porque não devia estar presa, mas que seria para sempre dele. Era a borboleta mais bonita do mundo e era dele, mas sem ser presa.

    Francisca Fontes

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    1. Gostei muito do teu comentário.
      Só te falta um acento agudo. Vê lá se descobres onde.

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  6. Margarida Bernardino31 de março de 2020 às 16:50

    Comentário ao texto:
    Eu penso que esta história mostra que toda as pessoas e os animais devem ver a natureza como ela é, porque é muito bonita assim, e devemos deixar todas as coisas no seu lugar.

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  7. Olá Professor e turma, gostei muito da história porque aprendi que os animais ficam mais bonitos na natureza!
    Maria Constança Moreira Pinho

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  8. Olá Professor e turma, gostei muito da história porque aprendi que os animais ficam mais bonitos na natureza!
    Maria Constança Moreira Pinho

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  9. Achei a história muito bonita. Fiquei feliz porque o Vladimir libertou as borboletas. Ele aprendeu que havia outra forma da borboleta ser dele. Ele tinha de guardar a beleza da borboleta na sua memória. Assim estaria sempre com ele. Uma borboleta livre seria de todas as pessoas que podiam vê-la e aprecia-la.
    Acho que podiam ter oferecido ao Vladimir uma máquina para fotografar as borboletas, em vez de equipamento para caça-las. Assim ele ia também guardar em fotografia a beleza das borboletas e de tudo que ele queria guardar.

    Xavier

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  10. Manuel Mendes

    Eu achei o texto muito bonito. Tanto como as asas da borboleta da história!
    Isto porque esta é uma história que representa a amizade e a amizade é linda.
    A borboleta tem razão quando diz ao menino que as borboletas têm de viver no ar livre para mostrar quão belas elas são de verdade,
    porque toda a gente quer é ver as borboletas a voar.

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  11. Eu gostei da história da borboleta e do caçador.
    Não gostei daquela parte em que ele prendeu a borboleta dentro do frasco.
    As borboletas são para serem livres porque fazem parte da natureza.

    Ass: Afonso Amorim


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  12. Eu gostei da história porque nos diz que não devemos caçar nenhum tipo de animal,sejam eles grandes ou pequenos. A sensação de estar preso é muito má por isso a borboleta encantou o Vladimir para que percebesse a importância da Liberdade.
    Carolina

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  13. Achei muito bonito. Fiquei muito feliz porque o Vladimir libertou as borboletas e também fiquei feliz porque o Vladimir arranjou maneira de ficar com a borboleta sem prender a borboleta.

    Helena

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  14. Adorei a historia é bem calma até deixou-me bem calmo muito obrigado professor até deixou-me triste e sério e até estou a lembrar de uma vez que me aconteceu também foi por isso que eu adorei.
    Romeu Rodrigues

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    1. Romeu, adorei o que escreveste.
      Vou-te fazer um desafio:
      Tenta escrever, de novo, as mesmas palavras, lendo em voz alta e colocando vírgulas e pontos finais a marcar as pausas.

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  15. Manuel Cruz:

    Eu adorei o texto “O caçador de borboletas” porque é muito alegre, fala
    sobre borboletas e eu adoro-as. A história é muito justa e explica que nós não devemos guardar tudo. Também gostei porque o Vladimir no Natal recebeu muitos presentes de que gosta. Desses presentes o Vladimir adorou o seu equipamento e eu também gostaria de ter.
    A parte que eu gostei mais foi aquela em que o Vladimir concordou com a borboleta.

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    1. Muito bem.
      Quanto ou equipamento, o que achas da ideia do Xavier?
      Está escrita lá em cima.

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  16. Olá professor e amigos,
    Gostei da história, porque o Vladimir apanhou a borboleta mais linda do universo e depois soltou a, deixando-a livre para sempre e para poder voar.
    Beijinhos e obrigada
    Sara Palas

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  17. Gostei muito de tudo o que escreveste.

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  18. A mensagem do texto fala sobre as coisas que não podem ser só suas, podem ser de todo mundo.
    Eu gostei do texto porque eu gosto de borboletas e a mensagem do texto foi bonita.
    Eduarda Vasconcelos Azevedo

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    1. E eu gostei muito do teu comentário, todo escrito com cuidado.
      Para amanhã (terça-feira) vai haver no blogue um poema brasileiro.

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  19. Eu acho o texto bonito porque a natureza pode ser de todos e todos podem ser da natureza.
    E todos os colecionadores são das borboletas e todas as as borboletas também são dos colecionadores.
    Rafael Vasconcelos Azevedo

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    1. Muito bem.
      Escreveste um bom comentário e escreveste com calma e com atenção.

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  20. Este conto fala sobre um menino, Vladimir, que recebeu muitas prendas no Natal. Uma delas foi um equipamento para caçar borboletas.
    Numa bela tarde foi tentar caçar borboletas e apanhou uma muito linda, que colocou dentro de um frasco.
    Por magia, a borboleta falou com ele e disse-lhe que não se deve caçar borboletas só para fazer coleção, e ele libertou-a.
    Concordo que ele tenha libertado a borboleta porque se muitas pessoas caçassem borboletas deixava de haver borboletas no mundo.

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