domingo, 28 de junho de 2020

O COELHINHO DE ORELHAS AZUIS

Hoje vais ler com atenção uma história.

Depois de leres, regista no blogue os teus comentários.


Era uma vez um coelhinho que tinha as orelhas azuis da cor do céu. Quando reparou que os outros coelhos não tinham as orelhas da mesma cor, ficou muito envergonhado. Deixou de brincar com eles e preferiu estar sozinho.

O único amigo que tinha era a lua que aparecia no céu à noite. O coelhinho contou-lhe toda a sua tristeza, mas a lua nunca lhe respondia.

O coelhinho decidiu sair dali e procurar um sítio onde ninguém o conhecesse.

Contudo, para onde quer que fosse, todos ficavam admirados com as suas orelhas azuis e riam-se dele.

“O meu lugar não é aqui, e a culpa é das minhas orelhas azuis.”

Um dia, ao passar em frente de uma casa, encontrou no chão o chapéu de um limpa-chaminés.

“É exactamente disto de que estou a precisar!”, pensou o coelhinho. E escondeu as orelhas por baixo do chapéu.

Aprendeu a subir às chaminés, a trabalhar com a vassoura e a limpar os fogões.

— Agora pertenço à corporação dos limpa-chaminés — disse o coelhinho.

Mas, certo dia, o chapéu ficou-lhe preso na chaminé e os outros limpa-chaminés viram as suas orelhas azuis. Começaram imediatamente a rir e a gritar:

— Não és um limpa-chaminés a sério!

O coelhinho, cheio de vergonha, fugiu dali a correr e só a lua o acompanhou.

Depois, encontrou um chapéu de cozinheiro em frente de um restaurante.

“É exactamente disto de que estou a precisar!”, pensou o coelhinho. E escondeu as orelhas por baixo do chapéu de cozinheiro.

Aprendeu a manusear uma sertã, a cozinhar legumes e a assar carne.

— Agora faço parte da corporação dos cozinheiros — disse o coelhinho.

Mas, certo dia, o chapéu voou-lhe para a sopa e os outros cozinheiros viram as suas orelhas azuis. Começaram então a rir e a gritar:

— Tu não és um cozinheiro a sério!

O coelhinho, cheio de vergonha, fugiu dali a correr e só a lua o acompanhou.

Em frente de uma casa, encontrou um chapéu de jardineiro.

“É exactamente disto que estou a precisar!”, pensou o coelhinho. E escondeu as orelhas por baixo do chapéu de jardineiro.

Aprendeu a cavar, a plantar árvores e a cuidar de flores.

— Agora pertenço à corporação dos jardineiros — disse o coelhinho.

Mas, num certo dia, uma forte rajada de vento arrancou-lhe o chapéu da cabeça e os outros jardineiros viram as suas orelhas azuis. Começaram imediatamente a rir e a gritar:

— Tu não és um jardineiro a sério!

O coelhinho, cheio de vergonha, fugiu dali a correr e só a lua o acompanhou.

Ao passar diante de um circo, encontrou o chapéu de um palhaço.

“É exactamente disto de que estou a precisar!”, pensou o coelhinho. E escondeu as suas orelhas por baixo do chapéu de palhaço.

No circo aprendeu a tropeçar nos próprios pés e a fazer caretas.

— Agora pertenço à corporação dos palhaços — disse o coelhinho.

Até que um dia, um macaco lhe roubou o chapéu da cabeça e os outros palhaços viram as suas orelhas azuis. Começaram a rir e a gritar:

— Tu não és um palhaço a sério!

O coelhinho, cheio de vergonha, fugiu dali a correr e só a lua o acompanhou.

Certa vez encontrou, debaixo de uma ponte, o chapéu de um vagabundo.

“É exactamente disto de que estou a precisar!”, pensou o coelhinho. E escondeu as orelhas por baixo do chapéu de vagabundo.

Aprendeu a ser preguiçoso, a deitar-se à sombra, e a sonhar durante o dia.

— Agora faço parte da corporação dos vagabundos.

Mas, certo dia, o rio levou-lhe o chapéu e os outros vagabundos viram as suas orelhas azuis.

— Tu não és um vagabundo a sério!

Então o coelhinho não quis fugir nem usar mais nenhum chapéu. Sentou-se à beira de um regato no meio de um bosque.

— Não sou um limpa-chaminés a sério, nem um cozinheiro, nem um jardineiro, nem um palhaço, e também não sou um vagabundo. Afinal, o que sou eu?

Nesse momento, a lua apareceu no céu e transformou o regato num espelho. Aí, o coelhinho descobriu outro coelhinho, ele mesmo. E o coelho tinha orelhas azuis. Quanto mais olhava para si à luz da lua, mais gostava daquelas orelhas, das suas orelhas.

Até que, de repente, descobriu: a culpa da sua infelicidade não eram as orelhas, mas sim o facto de ter sentido vergonha delas.

O coelhinho desatou a correr, e só a lua o acompanhava. Pelo caminho, encontrou os vagabundos, os palhaços, os jardineiros, os cozinheiros e os limpa-chaminés. A todos mostrou, com orgulho, as suas orelhas azuis e ninguém pensou em rir-se delas.

O coelhinho ficou contente com tudo o que tinha aprendido: a subir à chaminé, a trabalhar com a vassoura, a limpar fogões, a segurar uma sertã, a cozinhar legumes, a assar carne, a cavar a terra, a plantar árvores, a cuidar de flores, a tocar trompete, a tropeçar nos próprios pés, a fazer caretas, a preguiçar, a deitar-se à sombra e a sonhar.

Max Bolliger

S Risefäscht

Aarau, AT Verlag, 1990

Texto adaptado


14 comentários:

  1. Achei o texto muito bonito.
    E percebi que explica que não precisamos de ter vergonha se somos diferentes uns dos outros

    Beijinhos Helena.

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  2. Gostei do texto porque afinal o coelho aprendeu muitas coisas.
    E não se deve gozar com os outros porque isso é muito feio, todos somos diferentes.
    Sara Palas

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  3. Eu adorei o texto
    achei engraçado
    é muito bonito
    até fiquei abananado

    Eu gostei do texto porque explica que não é preciso ter vergonha de ser diferente. Se fossemos todos iguais não tinha tanta graça.

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  4. Olá sou o Alex
    Gostei muito do texto.
    Percebi que não é preciso de gozar com os outros
    porque os outros são diferentes.

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  5. Gostei muito do texto. Durante a leitura senti muita pena do coelhinho, mas no fim fiquei muito feliz porque ele finalmente se aceitou como era e pelo caminho aprendeu muitas coisas.

    Carlota Rolino

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  6. Ele trabalhou em vários lugares porque as pessoas riam-se dele e quando ele passava em qualquer lugar encontrava um chapéu para esconder as orelhas pois tinha vergonha delas. Depois descobriu que não devemos ter vergonha de nós próprios.
    Tomás Barbosa Caravela

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  7. Afonso Amorim

    Olá professor,

    A parte que eu mais gostei da história foi aquela onde o coelhinho tinha as orelhas iguais á cor do céu.
    A parte que eu menos gostei foi aquela onde os outros coelhos se riam porque o coelhinho era diferente e tinha vergonha por ser diferente.

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  8. Eu gostei muito do texto.
    E percebi que não tenho de ter vergonha de ser diferente dos outros.
    Miguel

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  9. Eu achei muito giro.
    Mas eu não gostei da parte em que todos estavam a gozar com ele.
    Todos somos bonitos, cada um à sua maneira.

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  10. Esta história fala de um coelhinho que não gostava das suas orelhas porque eram azuis e dos outros coelhos eram de outra cor. Ele sentia vergonha por isso se afastou dos outros coelhos e ficou sozinho.
    Esta historia é triste, mas teve um final feliz. O coelhinho antes escondia as suas orelhas para poder pertencer a uma corporação, mas sempre que era descoberto voltava a sentir triste. Quando viu a sua imagem na água ele começou a gostar do que viu. E então começou a mostrar as orelhas com orgulho e mais ninguém riu dele.
    É uma história muito importante para as pessoas que se acham feias. A história mostrou-me que temos que nos aceitar como somos, e só seremos felizes assim.
    Gostei muito desta história.

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  11. Gostei muito do texto, mas tenho pena que o coelhinho não tenha amigos e todos tenham gozado com ele. Não se deve gozar com os outros por serem diferentes de nós.

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  12. UUUUUUUUUUUUUUUUAAAAAAAAAAAAUUUUUUU este texto é muito bem feito e gigantesco, e isso significa que a pessoa fez com muito amor e carinho.Eu achei o texto muito fiche e incrivel mas fiquei com pena do coelhinho por não ter amigos.

    Romeu Rodrigues

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  13. Gostei deste texto porque o coelho aprendeu a limpar fogões e isso é higiénico.

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  14. Gostei da história porque o coelhinho aprendeu que podia ser mais do que pensa.
    Que não havia problema de ter as orelhas azuis.

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